domingo, 28 de junho de 2009

LIBERDADE, PODEMOS SER LIVRES?

Bom, não tenho a pretensão de ,em breves palavras, esgotar um tema tão abrangente. Minha intenção é fazer o leitor, você, pensar a respeito e contribuir com sua já certamente formada visão de liberdade, seja pra apenas fazer você rir, um ato de liberdade perigoso, seja pra você ampliar sua vontade de questionar o tema, ou seja pra você fazer o exercício mental de contra-argumentar e continuar pensando do mesmo jeito.

Vamos começar construindo nosso singelo raciocínio listando alguns fatos - não fomos livres pra escolher a família na qual nascemos, não fomos livres pra escolher a cidade onde nascemos, nem o país, nem o planeta... Na minha modesta opinião, o ato de nascer, sem entrar no mérito filosófico-religioso, por enquanto, já me incomoda do ponto de vista da liberdade, tudo já começa imposto. Como diria minha filha adolescente "isso não é legal".

Continuando nosso raciocínio, depois do nascimento vamos aprendendo que podemos fazer escolhas, quando era criança escolhi ter um videogame Atari (na minha época era o videogame que se jogava), igual ao dos meus colegas da escolar particular na qual eu era bolsista e da qual tive de sair quando cortaram a bolsa, indo para o ensino público e gratuito. Meus pais não tiveram a liberdade econômica de me dar um, meus pais sempre trabalharam muito, então se alguém pensou, os pais dele poderiam trabalhar e estudar e assim poderiam dar ao guri o bendito brinquedo. Mas, como milhares de brasileiros, meus pais trabalhavam chegando a beira da exaustão, e não tiveram a liberdade de me dar um brinquedo idiota. Quantas pessoas são livres para, sem ansiedades, consumirem o que querem? Ou pensam que querem de tanto ver televisão...

Ah, mais somos livres pra escolher nossa profissão, será que somos mesmo? Ou temos de pensar com carinho (ironia) naquela profissão "sugerida" por nossos pais, ou fazer aquele concurso "sugerido" pelo esposo, esposa, sogra, sogro, ou pelos amigos. Se o indivíduo decide fazer Artes Cênicas, claro que ele pode fazer, mas haja paciência pra ouvir duras críticas de entes queridos. Muitos acabam por abrir mão dessa pequena liberdade. Eu, por exemplo, tenho 37 anos e sou formado em Letras, tenho uma inteligência mediana, mas sou esforçado, por isso alguns dizem que sou muito inteligente o que discordo. De qualquer sorte, a expectativa em torno do meu próximo passo acadêmico é grande. Claro que mais sutil do que seu tivesse 17 anos, mas acho que quase todos que dizem me amar acreditam que eu deveria fazer mestrado ou um outro concurso público , melhor, (haja vista que sou professor concursado das redes municipal e estadual). Então um ato aparentemente tão simples de LIBERDADE, fazer um escolha do curso, profissão, vem revestido de pressões e preços a pagar... mas fiquem tranquilos eu, mesmo com tudo isso, optei por fazer uma graduação em Filosofia, para decepção de muita gente que eu amo e que diz me amar.

Somos livres pra escolher a família que vamos constituir, será que somos absolutamente livres mesmo? Ou muita gente é "direcionada" a escolher, e até mesmo a idéia de gostar de alguém, será que esse gosto é um exercício pleno de liberdade, ou está "preso" a padrões estéticos inventados e impostos, questões econômicas entre outras inúmeras. Então o que observo é que o ato de gostar é imposto muitas vezes ou conduzido por questões que não deveriam ser determinantes uma vez que se quer pensar em liberdade.

Somos livres pra escolher nossos governantes, nossos representantes, e quando não há opções que nos convença da veracidade e honestidade? O que fazer? Uma vez que não ter opções na política tem sido coisa muito comum no nosso país pentacampeão de futebol. Filha eu também acho Káká lindo, mas não me agrada sermos para o mundo o país do samba, do futebol e das belas mulheres, nada contra isso tudo (quer dizer , não gosto de samba, mas respeito quem gosta). O problema é que somos o país da corrupção, da injustiça social, da absurda má-distribuição de renda, de muita miséria, muita pobreza e muito cinismo. Será que isso afeta nossa liberdade. Bom, eu posso votar nulo, o que tenho feito obviamente nos últimos anos, sou livre pra não ser comparsa dos políticos que se apresentam aí, mas essa minha liberdade exercida por mais uma meia-dúzia que não querem se associar ao crime organizado pelos políticos brasileiros, é de fato uma liberdade que tenha alguma força de comunicação? Ou apenas a liberdade de quem fez sua parte, PELO MENOS POSSO DORMIR TRANQUILO NÃO VOTEI NESSAS CARAS, minha modestíssima visão de liberdade entende que a liberdade seria plena se outras pessoas tivessem acesso às informações que eu tive, essa liberdade de votar nulo seria liberdade plena pra mim, se servisse ao menos para alguém pensar, ainda que um pouco, sobre seu próprio direito de votar. E por falar em direito, na nossa "democracia" o voto é obrigatório, somos livres mesmo?

Aonde esse cara está querendo chegar, mesmo contrariando minha antiga professora de redação, vou anunciar que o texto está acabando, respeitando a sua liberdade de não estar com tempo pra ler e pensar sobre isso. Eu acho que praticamente não temos liberdade, inclusive nossa liberdade egoísta está "presa" pela mídia e por convenções que resultam quase sempre em causar muita dor ao outro. E é nesse ponto que eu queria chegar, a liberdade bem que poderia ser um ato coletivo onde o outro sempre seria respeitado, quando eu era jovem, eu tinha uns amigos punks que diziam que liberdade é o poder passar a mão no traseiro do guarda. Esse conceito de liberdade é exercido com uma intensidade absurda por nossos políticos, como meu estilo não é tão irreverente e muito menos obsceno, deixo pra vocês imaginarem o que os políticos tem feito com o traseiro do povo, certamente muito mais do que passar a mão... Eu acredito que se as pessoas tivessem acesso à informação em um volume que as deixasse com a inteligência "afiada", poderíamos ampliar nossa pequena liberdade inata coletivamente e de forma coerente, afinal como dizia Renato Russo "ninguém sai vivo daqui, mas vamos com calma...", então como não temos, mais esse tipo de liberdade que seria a de vivermos nesse mundo indefinidamente,e por conta disso, somos obrigados a morrer. Poderíamos ao menos, enquanto aqui estivermos repensar e ampliar a liberdade sem perder de vista o outro, especialmente aquele "sem parentes importantes e vindo do interior", essa construção coletiva de ampliação da nossa liberdade, ainda é algo que estou amadurecendo dentro de mim, de qualquer forma a idéia está lançada, pense a respeito, estou te convidando para pensarmos em nossa liberdade e não na minha. Quando falo o outro, eu além de pensar com um olhar mais direcionado aos menos favorecidos (expressão horrível, mas didaticamente eficiente), incluo os animais e vegetais, nosso próprio planeta. E, feliz ou infelizmente, como tenho praticado o exercício do pensamento livre, não consigo incluir alguns seres como o "outro" para construção desse conceito de liberdade consciente e coletiva. Esses seres bestiais que andam pela terra e são chamados de políticos, esses, eu, talvez de forma magoada, só penso que a liberdade para eles seria se eles pudessem ser convencidos a abandonar seus cargos ou seus corpos. Tenho ainda dificuldades, não me sinto tão livre o bastante pra me entender com seres tão inescrupulosos e que demonstram desprezo por grande parte dos meus irmãos brasileiros.

Hyljoss Angelo (Hrsikesa Krsna Dasa) msn angelosouza72@hotmail.com

5 comentários:

  1. totalmente e indiscutivelmente apoiado. ''Esses seres bestiais que andam pela terra e são chamados de políticos, esses, eu, talvez de forma magoada, só penso que a liberdade para eles seria se eles pudessem ser convencidos a abandonar seus cargos ou seus corpos.'' .
    Sucesso para voce(s), já estou seguindo o blog e já repasei pra algumas pessoas também, se ao menos metade da população brasileira pensasse como vocês, idealizadores e criadores do projeto, esse país, com certeza, se tornaria um país melhor de se viver. :*

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  2. Liberdade, esse é um tema no mínimo polêmico, ou melhor, aquele que consegue ao menos mexer com as condições ineficientes e inóquas da qualidade de sobrevivência de cada ser humano, porque viver realmente é para ninguém. A frase do povo é" o seu direito começa quando o meu termina", entretanto Kelsen nos faz pensar no que realmente é isso... Você simplesmnete anula, secciona, extingue a sua liberdade que vem através do direito por causa de outra pessoa... Constatamos que a liberdade não existe..
    Rousseau, um grande filósofo, com influência do ilustríssimo Aristóteles, nos dizia que liberdade e necessidade andam juntas e, ele acertou.. A sua liberdadee não passa apenas de uma mera imaginação, uma verdadeira abstração do universo..
    O que é liberdade para você?
    Poder ir ao Shopping? Vestir-se como um personagem indiano da Globo? Ficar inerente às concepções frígidas e capitalistas de uma sociedade midiática e consumista?
    A sua liberdade não existe, nem a minha também.. Nós vivemos em uma prisão fenotípica, ideológica e agora até genotípica, querem manipular abertamente o que seremos e devemos fazer quando somos apenas células em formação...
    Leiamos um pouco de Georgeocohama, o mar só é mar porque você diz que ele o é, senão seria apenas uma bacia, ou um computador quem sabe..
    Isso é um universo e, você é um, eu sou outro e os outros tantos bilhões de habitantes desse mundo são respectivamnete outros universos...
    Você é livre? Desde quando? Se a sua liberdade começa quando a do outro acaba, essa não é liberdade, é Estado, é sociedade, aquela mesma suncubida de extremismos e apatias.. a antítese das subversões, à licença da prolixidade..
    Ludwing nos dizia que a nossa liberdade e capacidade de transcrever a realidade, está imersa na nossa capacidade de escrita e, vejam vocês, essa só existe com conhecimento, estudo e os mesmos só existem com dinheiro...Gostaram? O que acham dissso?
    Deixemos do modo cartesiano de Descartes e entremos na realidade propriamente dita, aquela que só pode ser fomentada por nós, pois como já dizia Beto Guedes com Sal da Terra, " Um mais um é sempre mais que dois"

    Carlos Mendes

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  3. HOJE EM DIA NÃO PODEMOS SER LIVRES OS POLITICOS DIZEM QUE MORAMOS EM UM PAÍS DEMOCRATICO COM LIBERDADES MAS NA VERDADE NÃO É ASSIM NÓS EM GERAL SOMOS MANIPULADOS PELAS PESSOAS DE PODER NÓS NÃO FAZEMOS O QUE QUEREMOS MAIS SIM O QUE NOS MANDAM ALÉM DE QUE JÁ NOS É IMPOSTO NASCERMOS EM QUALQUER LUGARES NO QUAL NÃO ESCOLHEMOS!
    ASS: GIAN LUCA.
    MANAUS-AMAZONAS-BRASIL.

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  4. muito legal seu texto....bom se tudo mundo pensasem assim o BRASIL seria um país melhor de viver

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  5. concordo plenamente, falta pensadores assim como você!

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